Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem. Lucas 2:14.

O Natal não foi em dezembro, com toda certeza. Isto é uma armação da religião babilônica na tentativa de acomodar a sua idolatria socialista e mística, do solstício invernal, no hemisfério norte, com o nascimento do Sol da justiça, profetizado por Malaquias.Desde a primeira comemoração do Natal, por volta dos anos 325 a 340, até agora, muita coisa estranha foi introduzida na celebração desta festa. Árvores, luzes, guirlandas, ceias com várias iguarias, presentes e até o abestalhado papai Noel. Esta figurinha sem qualquer sentido na história do cristianismo foi implantada através das tradições pagãs. Outros acham que “o personagem foi inspirado em São Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira, na Turquia, no século IV. Nicolau costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Ele foi, posteriormente, declarado “santo” depois que muitos milagres lhe foram atribuídos”. Estes são os arranjos do velho clero esclerosante.

Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha no século XVI e daí, a tradição correu o mundo inteiro. Antes ele se vestia com uma roupa sóbria de cor escura, própria do inverno, mas no final do século XIX, deram-lhe um trajo vermelho, idêntica às bandeiras, escudos e símbolos da facção iluminista do humanismo falsário. Papai Noel e a Coca-Cola se colam com a mesma cor rubra. O velhinho vestido com o tom escarlate de Edom e a bebida encarnada acabam se encarnando no merchandising do consumismo que abusa das vítimas no comércio cruel. Você vale pelo que tem. Este Natal, que se comemora por aí, é tão falso quanto uma nota de três reais. Mas houve um dia em que o Cristo se encarnou no Jesus histórico e, nasceu neste mundo de ilusões e mentiras, a fim de salvar as pessoas de serem enganadas consigo mesmas. No meio desta farsa há um nascimento de verdade. Natal é a historia de Deus encolhido no homem histórico, revelando a grandeza de um amor incondicional. O nascimento do Messias visava duas coisas muito importantes. Primeiramente, dar glória a Deus nas alturas e, depois, gerar paz na terra entre os homens a quem ele quer bem, ou ama furiosamente. Sem a glória nas alturas, não haverá paz aqui em baixo.

Por causa do pecado, a raça adâmica foi deposta da comunhão gloriosa de Deus. Sendo destituída desta glória tornou-se uma espécie drogada por sua própria glória pessoal. Somos uma casta viciada em autoglorificação e dominada por altares, palcos e pináculos. Os caçadores dos píncaros da glória vivem inebriados com a honra ao mérito ou a exaltação própria. Quase ninguém suporta o ostracismo. A vinda de Deus ao mundo, em carne, tinha como um dos objetivos principais destronar da pompa aquele que vier a crer na pessoa e obra de Cristo crucificado, fazendo-o apear da sua própria arrogância pessoal de querer ser Deus e, substituindo a glória do ser humano na terra, pela glória de Deus nas maiores alturas. O inchaço do pecado nos tonou membros honorários de uma plêiade de “estrelas cadentes” que aspiram ao auge da entronização, como se fossem Constelações permanentes e absolutas no zênite do aglomerado das Plêiades nos céus.

A humanidade caída vive se exibindo como se fosse uma estrela que tivesse luz própria. Não obstante, nós somos como meros meteoritos incandescidos pelo atrito durante o percurso de sua queda, supondo que a luz que emana em nossa trajetória seja a fulgurância estável de um brilho próprio e eterno. Somos uma laia em rebeldia contra Deus, destituída da Sua glória, embora promovendo sempre a nossa glória pessoal a qualquer custo. O pecado nos fez aspirantes ao pódio da glória humana. Porque todos pecaram e carecem da glória de Deus, Romanos 3:23, assim, logo que todos foram demitidos da glória de Deus, todos passaram a buscar a sua própria glorificação na terra, como um troféu de honra particular. O pecado, desde a sua origem no Éden, tem sido a plataforma da glorificação do gênero humano e a incredulidade pessoal é quem a financia. Nossa história é uma narrativa de feitos notáveis e descrença em Deus. Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais a glória que vem do Deus único? João 5:44.

Somos incrédulos em relação a Deus, porque somos caçadores de nossa própria glória. A fama pessoal nos impede de viver pela fé somente. Enquanto buscamos a nossa glorificação pessoal, a terra se envolve em competições e conflitos egoístas. A glória individual granjeada pelos outros é obstáculo sério para o nosso usufruto da glória de Deus. Aquele que se torna entorpecido pelo reconhecimento da platéia, não consegue se contentar com a aceitação incondicional, mas discreta de Abba. O anonimato é insuportável para os exibidos que exigem a visibilidade pública. É horroroso, para o aspirante ao trono da glória humana, conviver com a obscuridade. E, de um modo geral, queremos ser vistos e precisamos nos tornar distintos dos demais. A nossa glorificação na terra é um impedimento rigoroso de nos comprometer com a glória de Deus, por isso mesmo, Jesus veio com a missão de nos desconstruir de nossa mania de exaltação própria. A glorificação pessoal é um empecilho à paz na terra. As guerras são expressões do ego altivo em busca da consagração dos seus interesses.

Para que haja paz entre os homens é preciso que Deus seja glorificado, acima de tudo e de todos. Só poderemos dar glória a Deus de fato, quando formos demolidos de nosso delírio de príncipes e princesas. A cachaça pela notoriedade e pelos os olhares alheios nos torna bêbados de nós mesmos e arredios à glória de Deus.Muitas autoridades e religiosos importantes, no tempo de Jesus, creram nele, mas não o confessaram publicamente, porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus. João 12:43. É impossível dar glória ao Deus Altíssimo, quando a nossa febre por glorificação pessoal estiver nos queimando nas maiores alturas. É preciso ficar bem claro: para que possamos dar glória a Deus nas alturas, com liberdade e contentamento, é imperioso que sejamos abatidos, pela obra de Cristo crucificado, da nossa necessidade de autoglorificação, bem como da nossa dependência da glorificação alheia. Sem esta demolição, não existirá o verdadeiro louvor no altar. Jesus foi taxativo em relação à anuência da glória humana. Aquele que estiver manobrado por esta ambição, estará desapegado do amor a Deus. Eu não aceito glória que vem dos homens; sei, entretanto, que não tendes em vós o amor de Deus. João 5:41-42.

O culto real é um efeito da destituição do ego pela obra da cruz. Só haverá glória a Deus nas alturas, em minha experiência de adoração, quando houver a morte do meu eu com Cristo, como realidade espiritual de fé, revelada pelo Espírito Santo, através da Palavra de Deus. O velho homem, descendente de Adão, não adora a Deus, antes cultua a si mesmo como um super-homem, semideus ou, até pensando ser ele, o próprio Deus. A cruz do Cristo encarnado nos demove da caça à glória pessoal. Desprovidos da ambição pela glória humana, podemos gozar de paz na terra. Sem o desejo da glorificação do sujeito, ninguém mais fica sujeito ao jogo que desencadeia a luta pelo poder. A paz na terra é o resultado da justificação do pecador que ambicionava sua glória. Somente a morte na cruz com Cristo poderá justificar o réu do pecado. Uma vez destruída a fonte da glorificação própria, fica o espaço livre para a entronização de Cristo no coração do filho de Abba, capaz de amar o inimigo, desfazendo a inimizade.

Não havendo competição ou interesses egoístas em jogo, não haverá mais guerra entre os concorrentes, uma vez que os aguerridos por sua glória pessoal já foram desarraigados desta ambição. Sem a seiva do pecado de autoglorificação, não há mais combate. “A paz nunca pode ser obtida sem a erradicação do pecado”, sussurra Francis Hall. A paz é a satisfação de Abba refletida na alma dos seus filhos regenerados mediante a obra consumada pelo seu Filho unigênito, Jesus Cristo, lá na cruz do Calvário. Deus só será glorificado nas alturas, pelos filhos dele aqui na terra, quando houver uma substituição da vida do ego pela vida de Cristo. Agora, já não sou eu quem vive, mas é Cristo vive em mim, logo, a paz reina entre os homens, a quem ele quer bem. A competição é fruto do ciúme, da inveja, da necessidade de ser visto como o melhor ou o maior e todos os interesses mesquinhos do ego. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Romanos 6:8-9. Nem a morte, nem o pecado, nem o ego podem nos dominar em Cristo.

O verdadeiro Natal aponta para a glória de Deus nas alturas e a paz na terra, entre os homens amados com o seu amor furioso. Para que Deus seja glorificado, nós precisamos morrer para a presunção de ter glória pessoal e vivermos apenas investindo na glória de Deus, aqui na terra. Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. 1 Coríntios 10:31. A questão vital é: para quem vai a glória? Todas as disputas e desavenças, no ringue da humanidade, são resultantes das reivindicações dos direitos e das glórias requeridas. Se toda a glória diz respeito apenas ao Senhor, então não teremos qualquer problema com as discordâncias de pensamentos. Desde que a glória pertença tão-somente à Trindade Santa, não me importo para quem vai o crédito. Bem-aventurado seja neste Natal!

Pastor Glenio Fonseca Paranaguá